Urbana abre investigação para apurar morte de catador de 19 anos soterrado por lixo em Natal
A Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) vai abrir um processo
administrativo para apurar causas e responsabilidades sobre a morte de
um catador que foi soterrado por camadas de lixo na estação de
transbordo de resíduos sólidos de Cidade Nova, na Zona Oeste de Natal. O
caso aconteceu no final da manhã desta terça-feira (9), mas a companhia
só se pronunciou nesta quarta (10) sobre o caso.
Segundo familiares e amigos, Eliabe
Gonçalves da Silva, de 19 anos, ficou soterrado após ser atingido por
duas camadas de lixo jogadas por uma máquina no local. Em nota, porém, a Urbana classificou a morte como acidental e disse que o jovem fazia "catação clandestina" na estação.
De acordo com a Companhia, há constantes ações com apoio da Guarda
Municipal de Natal para evitar invasões de catadores clandestinos e
voltadas ainda para integrar essas pessoas às cooperativas financiadas
por ela.
"Para a solução definitiva do problema, há processos para a construção
de um muro no entorno e segurança privada permanente para impedir o
acesso de estranhos ao local."
Eliabe era casado e morava no bairro do Planalto, também na Zona Oeste
da Cidade. Ele não tinha filhos. Para se sustentar, o catador trabalhava
no lixão desde muito jovem coletando materiais para reciclagem.
O incidente aconteceu por volta das 11h30 da terça (9). A cunhada da
vítima, Emili Ângela, contou que o jovem ia almoçar em casa, mas decidiu
voltar e seguir no trabalho. Nesse momento, ele estava num ponto alto
da estação e uma máquina fez o movimento para o despejo de mais
resíduos. Eliabe e outros catadores gritaram e alguns chegaram a bater
na máquina para alertar sobre a presença do jovem, que correu e caiu
numa das barreiras de lixo.
Logo após a queda, os outros catadores contaram que a máquina despejou
os resíduos em cima de Eliabe - e repetiu o processo por uma segunda
vez. "O lixo fechou a barreira e ele ficou com a metade da cabeça pra
fora. Os amigos foram ajudá-lo, mas a outra máquina empurrou o lixo.
Todo mundo pediu pra parar, mas ele não parou", contou um dos catadores
que estavam no local e que não quis se identificar. "Eu vi só quando a
máquina o enterrou e jogou o lixo. Ficou só a cabeça dele aparecendo.
Quando ele pediu ajuda, a máquina pegou e jogou o lixo por cima de
novo", relatou outro catador.
G1 RN
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